Como Ler Livros | Mortimer Adler

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Você sabe ler bem? Pode ser que já tenha se deparado com um livro e dito: eu gosto muito deste livro! Sabe citar até um trecho ou outro. Mas não sabe exatamente dizer o porquê de gostar tanto dele.

Não é tão evidente, mas a habilidade da leitura é uma atividade fundamental da atividade intelectual.

Para saber se lemos bem é preciso entender que existem muitos modos e muitos níveis diferentes para se ler um livro. Isso não pode ser algo passivo, é uma atividade que devemos dedicar toda a nossa atenção. 

É necessário saber como melhorar a qualidade de nossas leituras. Por isso mesmo Como Ler Livros de Mortimer Adler nos aponta esta direção: podemos melhorar muito a nossa capacidade de leitura, e fazendo isso crescemos intelectualmente e como pessoas. 

Primeiramente podemos considerar que lemos com diversas dimensões diferentes: para nos informar, nos divertir ou para entender algo, o que supõe que há vários níveis de leitura proporcionais à capacidade e necessidade que temos da leitura:

  1. Leitura Elementar: é o nível do alfabetizado.
  2. Leitura Inspecional: quando temos um tempo limitado, inspecionamos um livro para prever o seu conteúdo e determinar se é uma leitura que vale a pena para nós
  3. Leitura Analítica: é a leitura propriamente dita, quando idealmente temos um tempo ilimitado, e lemos o livro ativamente para compreendê-lo
  4. Leitura Sintópica: é a leitura de muitos livros para uma compreensão sistemática e abrangente de um determinado assunto (cuja ordem e necessidade o leitor mesmo quem estabelece)


1. LEITURA ELEMENTAR

PRIMEIROS PASSOS DE UM LEITOR

A leitura elementar distingue o alfabetizado do não alfabetizado. Só isso. 

Como se trata de uma construção elementar, não ocupa grande espaço do livro, tratando de ser a introdução fundamental para as próximas leituras que se dedica maior interesse para o melhoramento da leitura. Assim, considera que quem está lendo o Como Ler Livros é alguém que venceu esta etapa.


Vejamos então quais são os quatro estágios da leitura elementar:

  • Prontidão: grau mínimo de percepção visual (prontidão para leitura), falar com clareza e com ordenação (prontidão linguística) e interagir com outras crianças (prontidão pessoal) porque a palavra antes de um sinal gráfico é a forma como nos relacionamos socialmente.
  • Leitura de materiais bem simples, como palavras acompanhadas de imagens
  • Progresso na construção vocabular: por meio de contextos a criança vai encontrando por si mesma mais palavras e seus significados.
  • Aperfeiçoamento dos estágios anteriores: com maior assimilação literária, e transportando sentidos de um texto a outro.


2. LEITURA INSPECIONAL

A ARTE SELECIONAR O QUE REALMENTE DEVEMOS LER


A leitura inspecional define-se como a leitura para quem tem um espaço limitado de tempo para a leitura. Seu objetivo principal é saber se queremos ler o livro, separando-o dos livros que não nos interessa, além de descobrir que nível de exigência o livro nos exigirá.

É uma leitura rápida, mas não a chamada “dinâmica” ao qual não deixa de receber uma crítica no livro. Em suma “nenhum livro deve ser lido mais lentamente do que merece, e nenhum livro deve ser lido mais rapidamente do que seu aproveitamento e compreensão exigirem”.

Nesse gênero de leitura, há duas espécies, ao qual o leitor experiente consegue realizar as duas de uma só vez, mas é bom deixá-las aqui bem distintas.

  • O primeiro modo de leitura inspecional é a sondagem. É "correr o olho". Fazendo isso somos capazes de fazer a “triagem” e definir se o livro nos interessa mesmo ou não. Vejamos as sugestões para uma boa inspeção do livro:
    • Examinar a folha de rosto e o prefácio
    • Examinar o sumário
    • Consultar o índice remissivo
    • Ler contracapa e sobrecapa
    • Examinar os capítulos que parecerem ser os que encontra o argumento central
    • Folhear o livro

  • O segundo modo de leitura inspecional trata de ler rapidamente o livro de cabo a rabo. Todos tem a experiência de querer ler um livro e não chegar ao seu final. Então, esse segundo modo de leitura vem mostrar que não podemos esperar demais de nossa primeira leitura de um livro difícil. A regra consiste simplesmente: 

Ao encarar um livro difícil pela primeira vez, leia-o sem parar, isto é, leia-o sem se deter nos trechos mais espinhosos e sem refletir nos pontos que ainda permanecem incompreensíveis para você.

Ao fazer isso conseguimos uma compreensão panorâmica, ainda que precária, de um livro e definir se vale a pena um aprofundamento de leitura ou não.

Há muitos livros no mundo e a leitura inspecional é especialmente útil para selecionar os livros que realmente desejamos ler, dentro de qualquer critério que estabelecermos, para dividir aquilo que realmente merece maior atenção nossa, daquilo que não merece.


3. LEITURA ANALÍTICA

A POSSE PLENA DO CONTEÚDO DA LEITURA

Eis o coração do livro. A leitura analítica é realmente ler um livro, de maneira ativa. Isto é, aproveitá-lo para crescer em mente e espírito. E para fazer isso existem quatro grandes perguntas às quais devemos ter em mente enquanto lemos um livro.

Não são perguntas quaisquer são quatro perguntas fundamentais que devemos fazer ao livro para desvendá-lo e extrair o máximo de sua leitura.


Quais são elas:

O livro fala sobre o quê?
O que exatamente está sendo dito, e como?
O livro é verdadeiro, em todo ou em parte?
E daí?

Ou seja, é primeiro um trabalho descritivo e objetivo, e depois valorativo:

  • Na descrição:
    • Buscamos captar numa síntese qual é a essência do livro
    • Depois buscamos entender passo a passo como ele é
  • Na valoração:
    • Tentamos entender o que se aproveita mesmo deste livro, verdadeiramente
    • E enfim buscamos qual é o significado desse livro, principalmente para nossa vida

É isso o que devemos perguntar a cada livro que lemos. Assim, para percorrer melhor um livro os seguintes capítulos vão subdividir e explicar estas quatro perguntas, que, uma vez respondidos, conseguimos dizer que apreendemos um livro completamente. Vejamos a seguir como dividimos a leitura.


3.1. REGRAS GERAIS

O PASSO A PASSO PARA UMA LEITURA INTELIGENTE


I. O LIVRO FALA SOBRE O QUÊ?

Primeiro estágio: descobrindo o conteúdo

  1. Classifique o livro de acordo com o título e assunto
  2. Expresse a unidade do livre de maneira mais breve possível
  3. Enumere suas partes principais em ordem e relação, e esboce essas partes assim como esboçou a unidade
  4. Defina o problema ou os problemas que o autor busca resolver


II. O QUE EXATAMENTE ESTÁ SENDO DITO, E COMO?

Segundo estágio: interpretando o conteúdo

  1. Chegue a um acordo com o autor, interpretando suas palavras-chave
  2. Capte as proposições principais, encontrando as frases mais importantes
  3. Entenda os argumentos do autor, encontrando-os ou compondo-os com vases em conjuntos de frases
  4. Determine quais problemas o autor conseguiu resolver e quais ele não conseguiu resolver; neste caso, decida se o autor sabe que fracassou ao não resolvê-los

III. O LIVRO É VERDADEIRO? NO TODO OU EM PARTE?

Terceiro estágio: criticando o conteúdo

  1. Não critique até que tenha completado o delineamento e a interpretação do livro (não diga que concorda, discorda ou que suspende o julgamento até que tenha dito “entendi”)
  2. Não discorde de maneira competitiva
  3. Demonstre que reconhece a diferença entre conhecimento e opinião pessoal apresentando boas razões para qualquer julgamento crítico que venha a fazer.
  4. Mostre onde o autor está desinformado
  5. Mostre onde o autor está mal informado
  6. Mostre onde o autor foi ilógico
  7. Mostre onde a análise ou a explicação do autor está incompleta

É importante ressaltar que esta crítica deve ter uma Etiqueta Intelectual: tentamos desvendar o autor com benevolência para descobrir o que ele diz, não tentar destruí-lo - regra sobretudo importante quando buscamos ler um livro de algum autor que não nos agrada. 

Não há benefício em "destruir" um autor: a obra permanece inalterada e continuamos a não entendê-la.

Assim, feito estes passos, avançamos de uma mera informação para o entendimento da leitura. E assim podemos fazer a última pergunta.


IV. E DAÍ? 

Quarto estágio: que conhecimento retirei deste livro? Qual benefício ele me trouxe?

Esta pergunta não tem um fim propriamente dito: podemos sempre revisitar um livro e extrair mais dele para nossa vida. É sutilmente diferente da terceira pergunta. Naquela tentamos responder criticamente a posição do autor no “mundo da cultura” usando o conhecimento que nós temos para tal. Nesta outra pergunta o objetivo é dar o acabamento geral da obra, isto é: absorvido o livro, qual é o seu significado, ou seja, proveito ele me traz como um todo diante para meu horizonte de consciência, para a vida.

Importante! O próprio Mortimer Adler indica que esta é uma exposição ideal de leitura. O que significa que esse é o desempenho ideal, não real, de um livro. Poucas pessoas o fazem, e se o fazem, não é com tanta frequência, uma vez que é de fato uma leitura muito exigente. Assim o ideal permanece como medida de realização ao qual aplicamos de maneira escalar em cada leitura que fazemos!


3.2. REGRAS ESPECIAIS

COMO LER SOBRE DIVERSOS ASSUNTOS

O livro não se esgota em ensinar o modo de se ler idealmente qualquer livro. Avança do genérico e vai explorar as espécies típicas de leituras que encontramos, para nos ensinar como aproveitar bem a leitura nos diferentes gêneros textuais.

As regras abaixo são pequenas adaptações e apontamentos da regra geral, portanto ela não pode ser esquecida. Eis em resumo como deve ser a leitura analítica aplicada a cada gênero literário:


I. COMO LER LIVROS PRÁTICOS

Livros com regras, prescrições e qualquer espécie de orientação geral são livros práticos (manuais, autoajuda, Política de Aristóteles, Príncipe de Maquiavel, Leviatã de Hobbes, o próprio Como Ler Livros). 

Primeiro, é importante saber que livros práticos nunca podem resolver os problemas práticos de que eles tratam. Eles são livros teóricos que apresentam regras mais ou menos gerais para muitas situações particulares de tipo semelhante. 

Ou seja, se o problema é ganhar dinheiro, o livro pode oferecer insights preciosos, mas no fim só a ação prática nos faz ganhar o dinheiro!

Mais importante nesse tipo de leitura é:

  • descubra aquilo que o autor quer que você faça
  • descubra como ele propõe que você faça aquilo


II. COMO LER LITERATURA IMAGINATIVA

Esta é a maior parte do que as pessoas leem. É importante destacar que diferente de um livro expositivo, a literatura imaginativa mais deleita que ensina. É mais fácil deleitar-se do que aprender. Sabemos dizer trechos que gostamos de um livro, mas paradoxalmente é difícil descrever o porquê exatamente gostamos de um livro assim. Há um motivo para isto: é mais difícil analisar a beleza do que a verdade.

Livros expositivos transmitem conhecimento; os imaginativos nos transmitem uma experiência: uma vez bem feito, ela nos deleita. Por essa natureza da experiência a primeira recomendação é:

não tente resistir ao efeito que uma obra de literatura imaginativa tem sobre você.

Precisamos permitir que o livro agir sobre nós. Assim a realidade experimentada do livro permite-nos algo muito precioso: expandir a realidade da nossa vida interior e nossa visão singular do mundo.

É preciso saber também que na literatura imaginativa o autor procura maximizar as ambiguidades latentes das palavras para alcançar melhor a força e os múltiplos sentidos da realidade, diferentemente de um texto expositivo. Por isso a outra recomendação:

Não critique a ficção usando critérios de verdade e coerência que são devidamente aplicados à comunicação do conhecimento.

Finalmente podemos agora delinear as regras gerais para a leitura de literatura imaginativa:

  • Regras estruturais:
    • Classificar a obra de acordo com sua espécie (poema, teatro, novela, romance...)
    • Apreender a unidade da obra inteira - o enredo (tente sintetizar a obra em uma ou duas frases)
    • Apreendido a unidade, expresse como é composta suas partes
    • Regras interpretativas:
      • Familiarize-se com os personagens
      • Familiarize-se com o mundo imaginário ali retratado
      • Familiarize-se com o pulso da narrativa - não se perca no enredo

      • Regra crítica: 
        • Não critique uma obra imaginativa enquanto não tiver apreciado por completo a experiência que o autor quer que você tenha. 

       Com isso a pessoa é capaz de realmente apreciar um livro de literatura imaginativa e não apenas dizer se gosta ou não do livro, mas o por quê.


      III. SUGESTÕES PARA LEITURA DE NARRATIVAS, PEÇAS E POEMAS

      As regras para literatura imaginativa são regras gerais para leitura de ficção. Assim, Mortimer Adler ainda avança mais um capítulo para dar conselhos para a leitura específica de cada tipo de literatura imaginativa.

      • Como ler narrativas

      Maior conselho que ele nos dá sobre narrativas é:
      Leia rápido e entregue-se totalmente a ela.

      Com isso conseguimos apreender melhor o todo da obra sem perder o pulso da narrativa.

      • Como ler épicos

      É preciso ter consciência de que nada é mais difícil de escrever do que um longo poema épico. Portanto, o esforço necessário para lê-los também é imenso. Deve ser uma leitura dedicada e paciente. Mas é uma leitura recompensadora, e conforme ele mesmo nos lembra, Ilíada, Odisseia, Eneida, Divina Comedia e Paraíso Perdido (ouso incluir os Lusíadas) formam a espinha dorsal de qualquer programa sério de leitura, porque juntamente com a Bíblia, são as literaturas mais lembradas e citadas em toda a literatura.

      • Como ler peças teatrais

       Deve-se fingir que está assistindo uma representação. Porque quando se lê uma peça teatral é preciso ter consciência que a obra não está completa: a finalidade da peça teatral é a sua representação em palco. Portanto, para apreender melhor este tipo de literatura devemos completar imaginativamente como devia ser a representação teatral.

      Nota sobre tragédias:  não vale a pena ler maior parte das peças teatrais justamente porque são incompletas. Mas, algumas peças possuem intuições jamais expressas em palavras pelo homem (Shakespeare, Molière, Sófocles, Ésquilo...). 

      • É preciso ter consciência de que na tragédia o principal é que nunca há tempo suficiente, as protagonistas lutam contra o tempo (ou o destino). 
      • Especialmente quanto ao teatro grego deve-se ter consciência de que há uma divisão do coro e das protagonistas
        • Protagonistas usam saltos plataformas: são pessoas "gigantes"
        • O coro é da nossa altura: são pessoas comuns

      • Como ler poesia lírica

      Muitos pensam que não são capazes de ler poesia. Desse modo o conselho quanto à poesia é:

      • Ler até o fim sem parar (regra já mencionada para outros tipos de leitura que é especialmente importante nesse tipo de leitura)
      • Ler uma segunda vez, desta vez em voz alta - sentir a musicalidade do poema: o ouvido se ofende com a entonação errada
      • Ler um mesmo poema várias vezes; a leitura de um grande poema dura toda a vida - contextos e conhecer o autor podem ajudar, mas nada substitui a revisita ao longo da vida a um mesmo poema


      IV. COMO LER LIVROS DE HISTÓRIA

      Há algumas complicações a serem levantadas sobre livros de história. Primeiro é preciso saber que há um caráter esquivo nos fatos históricos. História é uma difícil arte de reconstruir o passado.

      Depois, é preciso saber que existem teorias da história. Um bom historiador não inventa o passado, ele considera-se responsável por usar critérios para precisão factual para encontrar padrões gerais, o que implica em criar certos axiomas, pressupostos gerais... enfim, uma teoria da história.

      A teoria que um historiador usa altera a versão dos fatos. E o que interessa primordialmente não é entender um historiador, mas os fatos mesmos narrados como realmente aconteceram.

      Porém, não podemos ter certeza de como as coisas realmente aconteceram, portanto: a certeza histórica tem sempre algum grau de dúvida.

      Assim há duas regras  gerais para se ler um livro de história:

      • Se puder, leia mais de um texto sobre um evento ou período que lhe interesse
      • Leia um livro de história não para saber o que realmente aconteceu em determinado tempo e lugar no passado, mas também para ver como os homens agem em todo tempo e lugar, sobretudo agora

      A história é a narrativa do que nos trouxe até aqui. O presente é o que nos interessa: o presente e o futuro.

      Entendendo tudo isso, conseguimos delinear o que buscar especificamente nos livros históricos:

      • Todo livro de história tem um assunto particular e limitado. Saibamos do que ele trata para não criticar o autor sobre assunto que ele não se propôs a tratar
      • Existe mais de um jeito de se contar uma história, temos de saber como o historiador decidiu contar a dele
      • Na crítica podemos verificar:
        • Se o historiador usou bem suas fontes - se foi hábil
        • Se há realmente verossimilhança nos fatos narrados - se parece que realmente aconteceu como narrado
      • A resposta ao "e daí?" é prática: tiramos lições da história para não repetir o passado - seja na vida particular ou na política
      Para terminar esta seção, o livro ainda tem conselhos para a leitura de biografias e autobiografias, atualidades e textos resumidos.

      • Como ler biografias e autobiografias

      Há muitos subgêneros de biografias, há graus de confiabilidade e cada tipo revela uma faceta diferente do biografado:

        • Biografia definitiva: Esta obra se pretende definitiva e exaustiva. É um corte histórico de como era alguém em uma certa época, visto pelos olhos dele: deve ser lido como história.
        • Biografia autorizada: Não se pode confiar numa biografia autorizada como numa definitiva: pode ser tendenciosa e elogiosa. É como um amigo ou colega que mostra como o biografado quer ser visto no mundo. 
        • Biografias comuns (não definitivas e não autorizadas): Apenas saber que não tem a mesma confiabilidade das acima, mas tem maior chance de render ótimas leituras. 
        • Biografias didáticas: Em desuso, têm propósito moral. Mostram vidas exemplares. O importante desse tipo de obra é contar grandes história é inspirar-nos a também ser grandiosos. 
        • Autobiografia: Como ninguém é totalmente perfeito na mentira. Uma autobiografia diz muito de seu autor, nem que seja o que ele prefere esconder. Não é bom perder tempo querendo descobrir segredos do autor, mas entender o que ele diz diretamente. Esse estilo costuma ser frequentemente mais poético ou filosófico que os demais.

      • Como ler sobre atualidades

      Se toda regra tem exceção aqui encontramos uma. A regra analítica vale para todas as leituras, mas não atualidades. O fluxo dos acontecimentos não nos permite ler notícias com grande aprofundamento. A bem da verdade, não é preciso tanto.

      O mais importante em atualidades é saber quem é seu autor.  Que tipo de mente ele tem? Assim há certos conselhos para filtrar melhor essa informação:
        • O que o autor pretende provar?
        • Quem ele pretende convencer?
        • O autor pressupõe que você tenha algum conhecimento particular?
        • Ele usa algum linguajar peculiar?
        • Ele sabe mesmo do que ele está falando?
      Sejam livros de atualidades, revistas ou o noticiário geral, este critérios nos ajudam a saber melhor a posição do autor e o que eles querem de nós ao veicular a atualidade.

      • Como ler textos resumidos 
      Como há vasta quantidade de jornais, revistas e materiais publicitários, o resumo é uma invenção que pretende poupar nosso tempo, condensando aquilo que pretende-se merecer a nossa real atenção. Resenhas (como esta que escrevo) também tem essa exata finalidade.

      Quanto maior a condensação, mais importante é conhecer a natureza do condensador porque isso revela as preferencias pessoais dele em enaltecer certos pontos a outros. Mortimer Adler diz que talvez seja a leitura mais exigente e difícil por este motivo mesmo: não sabemos se o que ficou de fora merecia ter ficado de fora.

      V. COMO LER LIVROS DE CIÊNCIA E DE MATEMÁTICA

      Neste capítulo, o que se pretende não é abranger todo tipo de leitura de leitura de ciências e matemática, mas o que seriam os grandes clássicos científicos e obras de divulgação científica. Delimitado o escopo, o importante para este tipo de obra é delimitar de maneira mais clara possível o problema que o autor tentou resolver, regra geral para obras expositivas e especialmente importante para literatura científica e matemática.

      • Sobre clássicos científicos

      Estes livros costumam usar linguagem incomum ou técnica: é necessário apreender estas proposições para estar de acordo com a linguagem da obra.

      Nesse tipo de leitura devemos entender que são obras fundamentalmente indutivas: os argumentos primários estabelecem uma proposição geral que é verificada em dados observáveis (experiências), sabendo disso haverá neste tipo de literatura uma reunião de casos e análises sobre elas para verificar o nexo com a proposição geral.

      Isso pode trazer dificuldade nesse tipo de leitura porque nem sempre é possível verificar uma experimentação e sua demonstração em laboratório para entender do que se trata a matéria analisada. Clássicos da literatura científica (Galileu, Darwin, Lavoisier...) são mais inteligíveis para quem viu com os próprios olhos as experimentações científicas respectivas de cada ciência.

      • Sobre livros matemáticos
      Muitas pessoas têm medo da matemática e acham que não poderão conseguir compreender o que ela descreve. É preciso primeiro entender que matemática é uma linguagem: podemos apreendê-la como qualquer outra - é como aprender uma nova língua.

      Mas diferentemente da linguagem do nosso dia a dia, a matemática não tem conotações emocionais: são termos, proposições e conotações puramente abstratas.

      Essas formulações hipotéticas formam uma estrutura de linguagem, que também vale para a lógica. Como Adler mesmo menciona, a matemática faz uma exposição verdadeiramente lógica de um problema verdadeiramente limitado. 

      O conselho para este tipo de obra é: se se quer ler o livro de matemática por si mesmo é necessário fazer de lápis na mão para grifar e anotar nas margens. Isto é necessário para qualquer obra, mas é especialmente necessário aqui.

      Mas, se se pretende ler um livro científico que usa da linguagem matemática, mais vale pular estas partes.

      • Divulgação científica
      Como este tipo de obra é direcionado para público mais amplo que cada "comunidade técnico-científica", eles trazem geralmente menos descrições de experiência ou linguagem matemática que as outras obras citadas acima, portanto são mais fáceis de ler.

      A grande questão desse tipo de obra é que dependemos muito do repórter: se ele é bom estamos bem, caso contrário não temos muitos recursos contra isso.


      VI. COMO LER LIVROS DE FILOSOFIA

      Livros clássicos de filosofia fazem o mesmo tipo de perguntas profundas que as crianças fazem - "porque pessoas existem", "Qual o nome do mundo", "Porque Deus criou o mundo" etc. Ocorre na vida adulta algo como se a curiosidade se deteriorasse para assuntos mais concretos, de rotina e imediatos. A complexidade da vida adulta atrapalham o conhecimento da verdade, e os grandes filósofos fizeram foi ter a capacidade de afastar essas complexidades para buscar estas respostas que são realmente complexas. Assim, para seguir um livro de filosofia é preciso ao mesmo tempo uma simplicidade infantil aliado à maturidade de seguir um método com a sabedoria para encontrar as respostas.

      A "simplicidade infantil" existe porque as perguntas da filosofias são perguntas fundamentais como que é o ser, o bem, o conhecimento... Assim, Mortimer Adler vai dividir duas principais divisões da filosofia:

      • Conhecimento do ser e do devir: o que é e o que acontece no mundo, um conhecimento teórico e especulativo
      • Conhecimento do bem e de mal: o que deve ser feito, um conhecimento prático, também denominado normativo
      Esses dois tipos de conhecimento, Mortimer Adler também chama de Questões de Primeira Ordem.

      Há Questões de Segunda Ordem na filosofia, que diz respeito ao modo que nos expressamos e na linguagem: os filósofos ocuparam-se maior parte do tempo com questões de primeira ordem; hoje, no entanto, encontramos os filósofos hodiernos ocuparem-se mais sobre questões de segunda ordem.

      Não há problema em investigar as questões de segunda ordem, mas isso parece ocorrer com a desistência completa da investigação das questões de primeira ordem.

      É importante saber isso para em seguida entender que existe um método filosófico, e este se destina justamente a responder as questões de primeira ordem: ser, devir, bem e mal. Inversamente ao método científico, que se baseia na investigação por experiências, o método filosófico baseia-se no pensamento, de um modo mais profundo que o nosso, sobre a experiência.

      Por isso mesmo, é comum vermos erros de informação científica em vários livros de filosofia (Aristóteles, por exemplo, afirma na História dos Animais, que mulheres têm 32 dentes, enquanto os homens 34), e é importante salientar que estes erros científicos não maculam uma obra de filosofia, e geralmente é irrelevante (esse erro nada muda o que Aristóteles falou sobre forma, matéria, geração, corrupção, natureza...).

      Ao se aventurar em livros de filosofia, também é importante saber que existem vários gêneros textuais diferentes a que os filósofos escreveram seus pensamentos:

      • Diálogo: comum em Platão, é uma conversa entre pessoas onde geralmente em que após falar um pouco, vai encadeando uma séria de perguntas aos interlocutores indicando a evolução de um pensamento inicialmente afirmado, o que pode levar ao absurdo das afirmações, uma falta de respostas (aporia) diante da complexidade do tema, ou um conhecimento mais bem fundamentado sobre o tema que foi proposto. É especialmente importante os diálogos de Platão, pois como diz Whitehead, toda a filosofia ocidental não passa de "uma nota de rodapé a Platão".
      • Tratado ou Ensaio: comum em Aristóteles e Kant, é uma obra puramente teórica acerca de determinado tema, tomando uma exposição que começa estabelecendo o problema principal, e discute o assunto de maneira meticulosa e minuciosa, abordando assuntos específicos do meio ao fim do livro.
      • Confronto de Objeções: estilo escolástico e aperfeiçoado por Santo Tomás de Aquino na Suma Teológica. Propõe-se uma questão, enunciando as afirmações positivas e em contrário para enfim oferecer uma resposta que soluciona a questão e por último responder a cada uma das afirmações à questão proposta à luz da solução. É um estilo muito refinado e surgiu da ideia de que a verdade advém de algum modo da oposição e do conflito, comum nas discussões escolásticas.
      • Sistematização da Filosofia: surge a partir de Descartes e Espinosa com a ideia de dar uma certeza e estrutura oriundas da matemática. Costuma trazer proposições, temas, corolários e lemas.
      • Estilo Aforístico: é um estilo de escrita por afirmações curtas e enigmáticas. Aparece em Assim Falou Zaratustra de Nietzsche, e tem grande admiração em filósofos do século XX, que talvez se deva a uma admiração de leituras sapienciais do oriente.  Nada tem de expositivo neste tipo de obra.
      Independente do estilo ou do assunto, o mais importante em obras de filosofia é saber qual ou quais questões o filósofo se propõe a responder.

      Ademais, um filósofo não trabalha em laboratório. O que uma obra desta espécie requer de nós é que usemos o nosso bom senso e nossas observações diárias para acompanhar o seu pensamento e verificar as conclusões. Não há nada que podemos fazer diante de um problema filosófico a não ser pensar nele, portanto, as regras gerais de uma leitura analítica se aplicam mais perfeitamente a este tipo de obra sem necessidades de regras específicas que qualquer outro tipo de livro.

      É importante saber também que uma boa obra de filosofia não contém retórica ou propaganda (ideológica). Mas é útil neste tipo de obra ler mais de um filósofo que se deparou sobre o mesmo assunto. Filósofos mantém uma longa conversa ao longo da história e ao fazer isso nós também participamos dela e conseguimos extrair melhor o que nós pensamos sobre determinado assunto, ou melhor, a qual "escola de pensamento" melhor nos situamos.

      • Nota sobre teologia: há dois tipos de teologia.
      • A teologia natural é um ramo da metafísica, que investiga as causas primeiras. É o que ocorre em Aristóteles quando presume uma existência de uma causa originária de todas as coisas, sendo ela mesma não causada por nada (Motor Imóvel).

      A teologia dogmática se difere da filosofia pela diferença específica de que seus princípios são artigos de fé. Uma obra de teologia sempre depende dos dogmas e da autoridade da Igreja que as proclama.

      Se você não faz parte da Igreja, não professa essa fé do livro que lê, deve saber que ler esse tipo de livro entendendo que os artigos de fé são a forma mais certa de conhecimento que o seu fiel possui. 

      • Nota sobre livros "canônicos": Mortimer Adler chama de livro canônico para englobar não apenas livros sacros propriamente ditos, mas modernamente livros que são encarados, de certo modo, desta maneira. Então assim o é a Bíblia. Mas também assim é o Talmud, o Corão, ou mesmo as obras de Karl Marx para um marxista ortodoxo, o Livro Vermelho de Mao, para comunistas chineses, as obras de Freud para psicanalistas, ou o manual da infantaria para o exército [americano], ou livros de direito para quem quer passar em exames de ordem.
      Assim livros canônicos possuem de modo geral:
      1.  Uma Igreja, um Partido Político, uma agremiação qualquer
      2. É uma instituição que ensina
      3. possui um corpo doutrinário a transmitir
      4. tem membros fieis e obedientes que fazem leitura do livro de modo reverente
      Esse alargamento do termo permite entender melhor fenômenos mais modernos e saber que em todos estes tipos de livros há um sério problema de interpretação: há sempre neles a busca do que é ortodoxo. Para estes tipos de livro há sempre uma maneira correta de entendê-los. Se a pessoa não consegue fazer isso por si ela é obrigada a procurar quem o tenha feito.

      De fato, isso torna este tipo de livro uma das maneiras mais difíceis de ler porque é necessário saber se ele foi entendido corretamente. Especialmente as obras sacras propriamente ditas, como a Bíblia, é obra que trata da Palavra de Deus, portanto é o tipo de obra mais difícil que o homem pode ler e que mais exigiu a leitura mais cuidadosa no ocidente.

      VI. COMO LER LIVROS DE CIÊNCIAS SOCIAIS

      A difusão das ciências sociais fez com que muitas palavras se disseminassem na sociedade mesma. Não há problema social que não seja abordado por especialistas econômicos, políticos e sociais. Isso fez com que esse tipo de matéria esteja na ordem do dia.

      Devido à crescente difusão dessa matéria, a questão que fica é: o que de fato é uma ciência social? Fundamentalmente o núcleo de matérias costuma elencar a antropologia, economia, política e sociologia. É uma questão de departamentos acadêmicos, porque nesse caso o Mortimer Adler também questiona se o direito, educação, administração, serviço social, administração pública, psicologia, ciências comportamentais e história também seriam inclusas nessa área.

      Há muitos pontos de interseção nessas áreas porque de certo modo são abstrações de um "fato social".

      Englobando estas áreas ou não, o importante nessas áreas é entender que há uma aparente facilidade em sua leitura. Os dados muitas vezes são extraídos de experiências que o leitor conhece e há jargões que devido à sua difusão são comuns aos olhos dos leitores (cultura, contracultura, subcultura, tribo, alienação, status, infraestrutura, étnico, comportamental, a própria palavra social...)

      Mas paradoxalmente, pode haver dificuldade nesse tipo de leitura: é o comprometimento que nós como leitores podemos ter com determinado assunto político, social, econômico... que nos impede de absorver bem o livro. Não há grandes dificuldades específicas a este tipo de livro para o leitor analítico além de que é preciso entrar num acordo com o autor para realmente entender a sua obra.

      Portanto o conselho nesse tipo de leitura é deixar as opiniões na sala de espera e seguir as primeiras perguntas antes disso (o que o livro fala, como ele aborda) para sermos capaz de antes de emitir nossa crítica sermos capazes de dizer: entendi o livro.


      4. LEITURA SINTÓPICA

      OS FINS ÚLTIMOS DA LEITURA



      A leitura sintópica é definida como a leitura de dois ou mais livros sobre o mesmo assunto. Isto é, este tipo de leitura trata de correlacionar vários livros e entender suas conexões, pontos comuns e divergentes. 

      É a grande arte da leitura, e o ponto culminante das outras formas de leitura.

      A leitura inspecional nos serviu para selecionar e definir várias leituras enquanto a leitura analítica nos ensinou como investigar um livro em si mesmo.

      Agora é preciso entender como articular isso sobre um determinado tema que nos interessa. Eis a leitura sintópica: syn, quer dizer simultaneidade e topos, lugar. Cunhou assim o nosso autor este tipo de leitura para fazer entender que é uma combinação de livros sobre um mesmo tópico e que veremos agora seu passo a passo.


      RESUMO DA LEITURA SINTÓPICA

      • Inspeção de campo preparatória para a leitura sintópica
        • Prepare uma bibliografia provisória de seu assunto lançando mão de catálogos de bibliotecas, orientadores e bibliografias de livros
        • Inspecione todos os livros da bibliografia provisória para averiguar quais têm a ver com o assunto que lhe interessa e para formar uma ideia mais clara do assunto

      • Leitura sintópica da bibliografia reunida
        • Inspecione os livros que já foram identificados como relevantes para o assunto a fim de encontrar as passagens mais importantes
        • Forje um consenso entre os autores por meio da construção de uma terminologia neutra do assunto que, segundo sua interpretação, todos, ou a grande maioria, pudesse empregar, quer eles efetivamente empreguem tais palavras, quer não.
        • Estabeleça uma série de proposições neutras para todos os autores por meio de uma série de perguntas que, segundo a sua interpretação, os autores respondem, quer eles tratem explicitamente dessas questões, quer não.
        • Delimite as divergências, grandes e pequenas, demarcando as respostas contrária dos autores às diversas perguntas, estando eles de um lado ou de outro na divergência. Deve-se lembrar que nem sempre há uma divergência explícita entre dois ou mais autores e que às vezes é preciso construí-la por meio da interpretação das opiniões dos autores sobre assuntos que podem ter figurado entre seus interesses básicos ou não.
        • Analise a discussão ordenando as perguntas e divergências de modo a esclarecer o máximo o assunto. As divergências mais gerais devem vir antes das menos gerais, e as relações entre as divergências têm de ser indicadas com clareza.
      Você já deve ter percebido que esta leitura é o que torna uma pessoa um grande especialista em determinado assunto. É também o que uma boa faculdade faz em monografias, teses de mestrado, doutorado, etc.

      CONCLUSÃO

      O LIVRO MAIS ABRANGENTE SOBRE A ARTE DE LER



      Maior parte dos livros (Mortimer Adler fala mesmo em 99%) já escritos não exigirão de nós grandes técnicas de leitura. Mas não podemos esperar aprender do nada como ler um livro corretamente.

      Sobre isso há uma pirâmide dos livros que é mencionada e vale a pena saber:
      • Grande maioria basta folhear
      • Alguns milhares valem a pena ler, mas não voltar a ele; sabemos disso por nossa reação mental de que o livro não tem mais chance de nos modificar
      • Algumas centenas não serão exauridos, estes valem a pena reler e aprendemos mais coisas novas com ele
      • A menor parcela, talvez nem mesmo uma centena são livros inesgotáveis: há sempre novidades nele, parece que crescemos junto com eles
      Ou seja trata-se de uma hierarquia de livros. Que com as técnicas aprendidas do livro podemos escalar a nossa atenção proporcionalmente ao que cada livro desse merece.

      Ainda assim é crucial entendermos não só como ler bem, mas saber que nível de leitura um livro pode exigir de nós. Mortimer Adler não é contra livros que sejam apenas uma boa distração. Por outro lado ele quis enfatizar outro aspecto: o aprimoramento da capacidade de leitura não anda junto com a leitura em si mesma e se nós aprendemos a crescer nossa capacidade de leitura crescemos inteiramente, é algo que serve para manter a mente viva e sempre crescendo.



      Esta resenha foi feita para iniciar este blog. Grande parte do resumo foi parafraseado do livro mesmo. Tive que relê-lo inteiramente e me certificar mais uma vez de que é uma leitura imprescindível, cuja resenha tem intenção de ser uma preparação porque também notei que algumas pessoas acham ele um tanto complicado e desistem da leitura.

      Não desistam!

      Há muitos livros sobre atividade intelectual ou formas de se ler um livro (Albalat, Alphonse Gatry, Jean Guiton, Sertillanges...) mas nenhum enfatiza destacadamente a leitura com uma abrangência tão grande sobre este assunto. Isso torna o livro de Mortimer Adler e Charles van Doren realmente um clássico sobre este tipo de assunto.

      Se o livro peca em algum ponto é por sua generalidade: mas não posso esperar de um livro que se pretenda generalista sobre a leitura de livros, que ele se detenha em técnicas de leituras específicas para cada espécie de leitura. Ele já fez muito, aliás, analisando muitos tipos de livros e fornece para nós uma leitura obrigatória para aprendermos de fato como ler livros.

      Gostou da resenha? Por favor, me faça saber ou dizer o que posso melhorar nos comentários!

      Lucas Souza

      Advogado, amante da leitura, percebi que a escrita é um prolongamento natural desse amor que os próprios livros nos pedem. Assim nossos pensamentos e reflexões se desdobram a partir dos meus estudos de arte, literatura, filosofia, religião, psicologia, história e línguas. Acompanhe-me para desvendar um pouco mais sobre estes assuntos.

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