1. INTRODUÇÃO
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2. DESCRIÇÃO
A história começa com Nikolai Petróvich Kirsánov esperando a chegado de seu filho que concluiu os estudos da universidade. Nessa chegada, eles tem a surpresa de receber também seu amigo Bazárov. Assim, história gira entorno destes dois amigos. Bazárov é Nikolai Pavelitch Kirsanov, e Arkádi Nikoláievitch Kirsanov, aristocrata, é seu amigo de longa data. Arkádi, acompanhado por Bazarov.
Assim o choque se centra nas novas ideias vindas da universidade e da cidade com o pensamento aristocrático e rural dos país. A vida na propriedade rural apresenta um contraste entre as gerações mais jovens, representadas por Arcádio e Bazárov, e os pais conservadores de Arkádi, sempre retratados como bem intencionadas mas incapazes de compreender a nova situação da outra geração, desse modo os desentendimentos são mútuos e constantes.
Podemos ver isso num dos trechos que rendeu a fama deste livro, isto é, o de popularizar o nome “niilismo”:
- É isso mesmo. Então esse médico é pai dele. Muito bem! — Páviel Pietróvitch confiou os bigodes — Esse mesmo Sr. Bazárov quem é, em suma?
- indagou pausadamente.
- Quem é Bazárov? — perguntou sorrindo Arcádio.
- Quer, meu tio, que lhe diga quem é de fato?
- Faça-me o favor, meu caro sobrinho.
- Ele é niilista.
- Como? — perguntou Nicolau Pietróvitch, enquanto Páviel Pietróvitch erguia a faca com um pouco de manteiga na ponta.
- Ele é niilista — repetiu Arcádio.
- Niilista — disse Nicolau Pietróvitch — vem do latim “nihil”, e significa “nada”, segundo eu sei. Quer dizer que essa palavra se refere ao homem que… em nada crê ou nada reconhece?
- Pode dizer: o homem que nada respeita — explicou Páviel Pietróvitch, voltando novamente sua atenção à manteiga.
- Aquele que tudo examina do ponto de vista crítico — sugeriu Arcádio.
- Não é a mesma coisa? — perguntou Páviel Pietróvitch.
- Não, não é o mesmo. O niilista é o homem que não se curva perante nenhuma autoridade e que não admite como artigo de fé nenhum princípio, por maior respeito que mereça…
Vê-se aqui o centro do choque: não estamos falando de um niilismo moderno, como de Sartre ou Camus, mas simplesmente uma atitude de oposição ao que é antigo devendo tudo ser submetido ao crivo pessoal. Nada (nihil) mais vale pré-definidamente: nenhuma autoridade ou crença, de modo que qualquer valor dos pais é rejeitado com essa simples manifestação, e causa espanto à geração mais velha.
Pois bem, Bazárov é personagem central e envolvido em debates políticos e filosóficos. Seu niilismo demonstra uma crença fria na superioridade da ciência e da razão sobre velhas tradições e valores. E Arkádi segue suas ideias, admirado.
A dor dos pais em observar as atitudes de Arkádi , chocados com as novas ideias é bem retratada nesta fala de Vasílii, pai de Arkádi com sua esposa:
O filho é como um pedaço que se corta. É como um falcão: quis, veio; quis, foi embora. E nós somos como certas aves que não saem do seu ninho no tronco de uma árvore seca. Só eu não te abandonei nunca, nem tu a mim.
Vassíli Ivánovitch afastou suas mãos do rosto e abraçou a esposa, sua companheira, com tanta força, como nunca abraçara quando moço. Ela confortou-o na sua imensa tristeza.
Em meio a esses conflitos demonstrando as posições políticas e filosóficas novas, centralizadas na pessoa de Bazárov, esse se envolve romanticamente com Anna Serguéievna Odíntsova, uma mulher mais velha e independente que não reflete à primeira vista o que se espera de alguém na sua idade. No entanto, o romance é curto e termina tragicamente quando Bazárov contrai tifo e morre.
Esse romance reflete um primeiro conflito de Bazárov e Arkádi, posto que este se apaixona por Katya e assim ele percebe que o amor correspondia algo de mais permanente e forte do que as novas ideias que seu amigo representava. Bazárov, por sua vez entendia mais friamente o amor, além de ter uma visão de que o sexo feminino era inferior, e não merecia maior apreço.
3. CRÍTICA
Enfim, penso que o livro retrata, desse modo um problema permanente humano. O conflito de gerações existe porque somos de certo modo como Arkádi: encantado com as novas ideias de Bazárov, que parece à primeira vista responder melhor as demandas do tempo do que as velhas respostas de uma tradição representada por seus pais, que apesar de buscarem amorosamente atender as necessidades dos filhos, estes não são capazes de compreender no todo os seus problemas.
Arkádi de certo modo se desencanta quando percebe diante de uma situação real e humana de amor, a resposta de Bazárov é fria, isto é, não correspondendo idealmente com o que ele de fato estava percebendo vivencialmente na sua situação amorosa com Katya. No entanto, ao mesmo tempo ele não consegue simpleslente rechaçar as novas ideias e ser como seus pais, que são outra geração e tiveram seus próprios problemas.
4. SIGNIFICADO
Dito de outro modo, não é possível abandonar o que é novo e reflete os problemas trazidos de nossa própria geração, na qual crescemos e nos desenvolvemos como pessoas, e temos em comum com nossos pares. Por outro lado, quando percebemos que esta nova geração da qual participamos tem no seu bojo apenas explicações esquemáticas, ideológicas, sem ser capaz de refletir de fato os problemas reais de uma situação humana concreta, percebemos a tensão de que as velhas respostas tradicionais, que também são uma resposta a problemas permanentes da humanidade, se chocam com os novos esquemas, não conseguindo encontrar um meio termo adequado que responda em definitivo este problema.
Por isso é um choque entre gerações, não uma solução. Esse é o drama que qualquer geração passa e passará e está muito bem retratada nesse livro.